sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Quem Foi Hortensio Ribeiro?


Hortensio Ribeiro foi Escritor, Advogado, Jornalista, Cronista e Professor de História Geral e do Brasil.

Seguidor de das idéias filosóficos de Augusto Comte.

Nasceu em 31 de janeiro de 1885 e Faleceu em 16 de agosto de 1961 em Campina Grande.

Concluído o curso de preparatórios no Grêmio de Instrução matriculou-se em 1903 na faculdade de Direito do Recife, não chegando a fazer exames no fim do ano por motivo de doença. Voltou a faculdade e tornou a interromper os estudos. Em 1914 transferiu-se para a Faculdade do Rio de Janeiro, colando grau em 1908. Veio a exercer suas atividades na terra natal. Com sólida base humanística, ingressou no magistério e no jornalismo. Fundou em 1923 a “Gazeta do Sertão”, em sua segunda fase. Colaborou durante muito tempo nos jornais da capital. Foi sócio fundador da Academia Paraibana de Letras, juntamente com Coriolano de Medeiros e Matias Freire. Sua produção literária, dispersa por jornais e revistas. Am 1979, sua mulher organizou em livro parte de suas crônicas, escritas nos principais periódicos do estado: Voz da Borborema, Gazeta do Sertão, Revista do IHGP, na União, na Imprensa e nos Anuários de Campina Grande. O livro, intitulado de Vultos e Fatos, traz principalmente uma coletânea a de perfis de alguns dos mais destacadas personalidades paraibanas e campinenses.Lecionou História Geral e do Brasil em diversos Educandários da Paraíba. Foi fundador do Centro Campinense de Cultura e do colégio Condorcet.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Um Almanaque de Campina Grande


NOTA INTRODUTÓRIA:


Bem meus caros leitores hoje começa a história de nosso Almanaque de Campina Grande. Nele pretendo publicar parte da História cultural deste município, enfatizando aspectos de sua trajetória em forma de verbetes bem simples, mas que contribuirão e muito para o maior conhecimento da nossa cidade.Começamos definindo o que é o Almanaque e homenageando o primeiro Almanaque da cidade de Campina Grande.

I. Almanaque: definição e pequena trajetória Histórica.

Almanaque é um termo de origem de Árabe que significa “o computo”, ou livro de todo saber. Com o tempo, o vocábulo acabou tendo outros sentidos, mas de maneira geral o termo reportar-se a publicações anuais, que além de calendário do ano, incluem conjuntamente informações atuais sobre literatura, ciência, astrologia, entre outros assuntos gerais ou específicos. (GERMANO, 1997)

O Almanaque até hoje é uma produção editorial de grande circulação no Brasil, definido com um gênero de entretenimento marcado pela qualidade e simplicidade dos seus textos e pela harmonia e funcionalidade dos seus aspectos gráficos. Classificado entre aqueles que possuem conteúdos de informações gerais ou específicos, o Almanaque fez durante muitos anos parte da realidade cultural Brasileira. Um exemplo foi o Almanaque do Biotômico Fontoura, que chegou a uma espantosa circulação no interior do Brasil na década de 1950.

Em 1457, o vienense Jorge de Teurbacha publicou o mais antigo dos Almanaques modernos que se conhecem, e em nível de Brasil de acordo com Viana (1945), em sua Contribuição a História da Imprensa, o primeiro Almanaque Brasileiro teria sido O Almanaque da Bahia, de 1811. Mas o que característica um Almanaque de outros tipos de produção escrita?

Segundo Correia e Guerreiro a temporalidade de publicação (predominantemente anual) e o objetivo das produções, que estão ligados ao entretenimento de diversos tipos de publico, - com alas constituídos de calendário e informações gerais ou específicas de um determinado campo do saber -, classificam e definem este gênero de escrita e de produção editorial.

I. O Almanaque de Campina Grande e seu idealizador Euclides Vilar.

Em Campina Grande o primeiro Almanaque foi editado no ano de 1932 para o ano de 1933. Saindo o seu segundo número, escrito em 1933, para o ano de 1934. Os dois tiveram como editor o comerciante, fotografo e poeta Euclides Vilar. Nascido em Taperóa em 8 de maio de 1893, Euclides Vilar veio muito jovem para Campina Grande, onde se radicou e viveu até o seu falecimento em 22 de maio de 1953. Fotografo famoso na região da Serra da Borborema, tinha uma casa comercial na rua Cardoso Vieira, cuja a placa com os dizeres “Fotografia Villar” no frontispício ainda hoje permanece.

Moacir Germano, em seu estudo sobre a História Literária de Campina Grande, destaca o papel importante de Euclides na cultura da cidade, e lá certifica desde inicio do texto as poucas informações existentes sobre a sua personalidade e obra, descrevendo-o como um

Homem simples e de limitada ação e projeção sociais, passa seus dias silencioso das suas profissionais e cultivo das letras. Nada se sabe dos precedentes ou contexto que lhe determinaram o gosto tanto das letras como pela charada. Paralelamente á profissão, cultivava, com eficiência, seus gostos e atividades literárias. Na literatura charadistica, o seu valor sai testemunhado por destaques e prêmios. Sobre estes temas deve ter publicado trabalhos expressivos e dom de quilate. (GERMANO, P.26)

Os dados que se tem sobre o personagem Euclides estão quase que sintetizados na verdade em pequenas memórias cotidianas de Cristiano Pimentel, famoso cronista e escritor campinense no século XX. O destaque entre estas crônicas sobre Euclides estão especificamente centrados em um artigo intitulado “A Morte do poeta Euclides Vilar”, lá Pimentel adjetiva Euclides com “um mestre em decifrar enigmas e construir charadas”, gênero que dominou e que conheceu certa reputação.

Além de editor dos Almanaques, Fotografo, Euclides foi também poeta, autor de sonetos e breves textos líricos e memorialistas. Das suas poucas produções conhecidas a maioria foi publicada nos próprios Almanaques e em outros órgãos de imprensa na cidade de Campina.

O primeiro Almanaque, produzido no ano de 1932, mas editado e publicado em 1933, possuiu 264 paginas, e foi dividido em duas partes: Commercio, profissão, indústria, repartições públicas, collegios, sociedades, etc. (paginas 15 a 64), contendo um conjunto de Charadas, crônicas, artigos e indicações sobre os órgãos comerciais e institucionais da cidade, entre cartórios, escolas, bancos, etc., e a Parte Literária, Histórica e Recreativa, etc. (paginas 65 a 264), que continha textos recebidos dos participantes convidados.

O segundo Almanaque, produzido no ano de 1933, tem praticamente a mesma estrutura e concepção metodológica. Ele possui 288 paginas, e foi dividido em quatro partes: Aos leitores (Paginas 7 e 8), texto informativo sobre as intenções do Almanaque, Lino Gomes da Silva (Paginas 9 a 12), texto biográfico não assinado sobre um dos mais importantes de Campina Grande no século XX, Commercio, Profissão, Indústria, Repartições Públicas, Colégios, Sociedade, etc. (páginas 13 a 88), contendo um conjunto de Charadas, crônicas, artigos e indicações sobre os órgãos comerciais e institucionais da cidade, entre cartórios, escolas, bancos, etc.,e Parte Literária, Histórica, Recreativa, etc. continha poemas, artigos históricos, etc. (Páginas 89 a 288).

Nos dois Almanaques há um texto escrito por Euclides Vilar, uma espécie de editorial, na qual ele descreve os objetivos de seu empreediemento cultural. No de 1934 Vilar escreve:

Almanaque de Campina Grande/ para o ano de 1934/ Diretor: Euclides Vilar/ Colaborado por vários por diversos escritores e poetas do Paiz. Adornado de gravuras, enriquecido co, muita matéria de utilidade publica, ampliado com diversas anedotas,/ pensamentos, receitas, charadas, etc., com o retrato e a biografia do poeta campinense Lino Gomes e uma serie de anúncios das principais/ casas comerciais. (P.2)

O texto estabelece os parâmetros editoriais e as intenções do autor Euclides Vilar, ou seja, há uma identificação da forma editorial escolhida, com suas especificidades e de certa forma a concepção da necessidade de pluralidade das praticas culturais existentes, tanto nos gêneros utilizados, quanto nos colaboradores selecionados.

Para aqueles que desejem degustar esse material histórico, vão as dependências do Museu Histórico e Geográfico de Campina Grande, em sua biblioteca existem os dois volumes, infelismente em mau estado de conservação. Outro local que contém os dois Almanaques, e desta vez estando em melhor estado de conservação é na Biblioteca Municipal Fêlix Araújo, no setor de livros raros.